quarta-feira, 17 de setembro de 2008

"Última Parada 174"

Mais um filme candidato a cair no gosto do povão. Se trata do filme "Última Parada 174", do cineasta Bruno Barreto. Filme esse que já se encontra candidato ao Oscar 2009, na categoria, filem de língua estrangeira. Para a grande maioria será mais um daqueles filmes, do tipo "Tropa de Elite". Tem violência, palavrão pra caralho(risos), armas à mostra, quem sabe até consumo de drogas. É bem de praxe. Não deve levar muito tempo para que esse filme chegue até os "camelô", e façam a festa, enchendo seus bolsos de grana. Isso se o filme já não tiver espalhado por aí, já!

Toda essa euforia causada por esses filmes, é muito mais proveniente de um olhar superficial, somente para ver a violência, do que pela mensagens que o filme carrega. "Tropa de Elite", por exemplo. Virou modinha. Foi visto por muitos antes mesmo de chegar aos cinemas, graças a pirataria. Mas a grande maioria o assistia muito mais para ver a pancadaria, o tiroteio, a favela, do que com um olhar crítico. Se bem que o filme incitou diversos debates sobre a corrupção na polícia. Mas repito, nem todos o enxergaram assim.

O que eu mais via nas ruas, não era considerado debate. Discução séria eu só consegui pesquisando críticas na internet e assistindo reportagens na TV. O que eu mais via na rua era mesmo o pessoal cantarolando a música do BOPE, virou até "ringtone" de celular. Sem falar em algumas falas do filme, como "pede pra sair" e "fanfarão", que foram incorporadas à gíria do brasileiro. Rolou até sátira do filme na TV. Esse sim eu via as pessoas empenhadas em discutirem. Atualmente, quando se pensa em cinema brasileiro, se pensa nisso mesmo, é... Violência!

Que mania esse povo de cinema pegou de querer retratar as desgraças do país, com a favela como plano de fundo para os conflitos. Bela imagem estão exportando do Brasil. Não que seja uma questão de querer encobrir os problemas. Mas será que na favela só existe isso? Tá beleza que esse lance de usar o cinema pra dar um "acoooooooorda menino" nos políticos, gerando assim polêmica e discussão entre os indivíduos é bem bacana. Mas isso acontece 100%, mesmo? Eu duvido!

O filme é baseado na história real de Sandro Barbosa do Nascimento, sobrevivente da chacina da Candelária, ocorrida em 1993 no Rio de Janeiro, e que sete anos mais tarde seqüestra um ônibus. A tragédia também foi contada no documentário “Ônibus 174”, de José Padilha. Mas o cineasta Bruno Barreto, em entrevista ao canal GloboNews, disse que "Última Parada 174" "não sobre um episódio violento, mas sobre as consequências da violência". "O filme é história, a construção e a tragetória de como um menino meigo, comum se torna o inimigo público número 1". "É também a história de uma mãe que o adotou como filho. O que me interressou mais foi o drama humano e não o episódio violento que ele se torna no final".

O filme tem como protagonista o ator Michel Gomes, do grupo Nós no Morro. Aos 13 anos, o ator fez sua estréia no cinema como o menino Bené, em “Cidade de Deus”, dirigido por Fernando Meirelles.

Espero que esse filme não caia na banalidade, tão quanto, "Tropa de Elite"!

Foto: Paula Prandini/Divulgação

3 comentários:

Paloma disse...

Cinema Brasileiro? Dê-me a liberdade de sugerir um curta chamado "Ilha das Flores". Esse, sim, deveria ser exibido em larga escala a fim de gerar debates construtivos. "Ilha das Flores" e seus quinze minutos botam pra foder!

Anônimo disse...

Não conheço esse Ilha das Flores, até porque não costumo assistir a cinema brasileiro tampouco curtas. Não gosto mais de cinema como antes, exceto sobretudo de filmes de alguns diretores que aprecio como Tim Burton e Peter Jackson, além dos meus Harry Potter - mesmo as adaptações estando a anos-luz da qualidade e da essência dos livros. Fora isso, um blockbuster aqui outro acolá, além de um filme intelectualóide perdido. Se eu assistir a 20 filmes no ano, é muita coisa.

É uma pena que "Tropa de Elite" seja tão banalizado. O José Padilha fez um filme mais voltado ao debate e à reflexão acerca da violência e da corrupção policial, não fez sob medida como um superpop a la Hollywood como é "vendido" hoje. Embora isso tenha facilitado enormemente a divulgação do filme - até a pirataria e as críticas equivocadas acusando-o de fascistas -, é lastimável que não se propagou na mente do povo de uma forma menos popularesca. Talvez foi até o único jeito de se divulgar e chegar a esse sucesso todo, visto o grau educacional-reflexivo do brasileiro, o que é uma pena.

Lembra-me filmes como a obra-prima "o Silêncio dos Inocentes", feitos por um propósito mas que culminam em transformar-se em superpops. Ninguém pensa nesse filme refletindo sobre a natureza das emoções humanas, sobretudo do medo e da agressividade que a todos nós envolve, mas apenas no Hannibal Lecter assustador chiando ao pronunciar "Clarisssssse". É assustador e o filme tem o propósito de evocar o medo, mas não é tão-somente isso.

Queria falar outras coisas mas acabei me esquecendo. Um abração, MP!

Anônimo disse...

Me lembrei: ainda não vi Tropa de Elite e obviamente que não esse do Barreto. Mas quem deveria representar o Brasil era "Linha de Passe", pelo que já li. Uma pena que o perfil da Academia é outro.