Composto por um anti-herói, o livro trás dentre os assuntos a hipocrisia. O leitor então se achou no direito de condenar John Lenon com um dos mais hipócritas. E lá foi o cara dar uma de anti-herói, se sentindo o próprio personagem do livro até chegar a matar o Beatle, exterminar a hipocrisia que ele via existente.
Passado o programa, me lembrei do blog da minha amiga Paloma. O Delírio em Prosa, seu blog, trás fragmentos literários criteriosamente selecionados, por vezes adaptados, mas sempre com suas fontes devidamente citadas. Eu sabia que lá encontraria alguma coisa do livro, pois já tinha visto.
Poxa, é genial essa ideia de postar fragmentos de livros, com os quais você não se preocupa em entender o que se passou antes e o que vai passar - bom, o que vai acontecer depois você fica até com vontade de saber. [risos] Foi assim que aconteceu quando li, com vontade, o primeiro fragmento do livro.
Com o fragmento ali postado, consegui ser fisgado mais ainda pro livro que eu já tinha e tenho um interesse em ler. Me deu uma vontade louca de continuar lendo o que comecei ali. Eu curto essas histórias com caráter de confissões, ainda mais quando narradas pelo próprio personagem principal... É uma viagem muito louca que faço tentando recriar a cena em minha mente quando a história vem cheia de detalhes singelos e bem sacados.
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Seguindo essa linha e encerrando as minha impressões sobre A Menina que Roubava Livros, segue abaixo um gostinho do livro escrito por Markus Zusak. Boa leitura:
A METEREOLOGISTA: MEADOS DE MAIO
Na rua Himmel, seu time havia arrasado o de Rudy por 6 X 0 e, triunfante, ela irrompeu na cozinha, contando tudo à mãe e ao pai sobre o gol que havia marcado. Em seguida, desceu correndo ao porão para descrevê-lo passe a passe a Max, que baixou o jornal, ouviu atentamente e riu com a menina.
Concluída a história do gol, fez-se silêncio por uns bons minutos, até Mas levantar lentamente os olhos.
- Quer fazer uma coisa para mim Liesel?
Ainda empolgada com seu gol na Rua Himmel, a menina pulou das mantas de proteção. Não o disse, mas seu movimento deixou clara a sua intenção de fornecer exatamente o que ele quisesse.
-Você me contou tudo sobre o gol - disse Max - mas não sei que tipo de dia está fazendo lá em cima. Não sei se você fez gol ao sol, ou se as nuvens cobriam tudo.
Passou a mão pelo cabelo à escovinha, e seus olhos alagadiços imploraram a mais simples das coisas:
- Você pode subir e me dizer como está o tempo?
Naturalmente, Liesel subiu a escada correndo. Parou perto da porta manchada de cuspe e se virou ali mesmo, observando o céu.
Ao voltar para o porão, contou-lhe:
- Hoje o céu está azul, Max, e tem uma nuvem grande e comprida, espichada feito uma corda. Na ponta dela, o sol parece um buraco amarelo...
Naquele momento, Max soube que só uma criança seria capaz de lhe fornecer um boletim metereológico desses. Na parede, pintou uma corda comprida e cheia de nós, com um sol amarelo e gotejante na ponta, como se fosse possível mergulhar dentro dele. Na nuvem encordoada, desenhou duas figuras - uma menina magra e um judeu murcho -, e os dois caminhavam, equilibrando os braços, em direção ao sol gotejante. Sob o desenho, Max escreveu esta frase:
. AS PALAVRAS DE MAX VANDENBURG .
ESCRITAS NA PAREDE
Era segunda-feira, e eles andavam
na corda bamba em direção ao sol.
ESCRITAS NA PAREDE
Era segunda-feira, e eles andavam
na corda bamba em direção ao sol.
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Foto: www.flickr.com/photos/depoisdasoito
Foto: www.flickr.com/photos/depoisdasoito
1 comentários:
Chega a ser estranho ler comentários positivos sobre o Delírio em Prosa, mas O Apanhador é de fato um livro fantástico.
Passou a mão pelo cabelo à escovinha
RÁ! Holden também usa o cabelo à escovinha...
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